A inteligência artificial deixou de ser apenas uma promessa futurista para se tornar um elemento central na vida de indivíduos, organizações e governos. O relatório global da KPMG, “The Age of Intelligence: Trust, attitudes and use of AI – A Global Study 2025”, realizado em parceria com a Universidade de Melbourne com 48 mil pessoas em 47 países, revela como o mundo está lidando com a adoção da IA, suas oportunidades e riscos, e, principalmente, o papel crucial da confiança para o sucesso de sua implementação.
De acordo com a pesquisa, 73% dos entrevistados já experimentam benefícios tangíveis do uso da IA, como maior eficiência, acesso mais rápido à informação, decisões mais eficazes e maior personalização de serviços.
No ambiente de trabalho, 58% dos profissionais já utilizam ferramentas de IA regularmente, muitas vezes baseando suas tarefas em softwares gratuitos de uso público, como ferramentas generativas de texto.
Esses dados confirmam que vivemos a era da colaboração humano-IA, onde máquinas não substituem totalmente as pessoas, mas ampliam suas capacidades, acelerando análises, simplificando processos e gerando valor em escala inédita.
O paradoxo da confiança
Apesar dos avanços, menos da metade dos entrevistados confia plenamente na IA. O estudo mostra que 54% ainda demonstram cautela e a confiança caiu em relação a 2022. Esse déficit está relacionado a três fatores principais:
1. Baixa literacia em IA – Menos de 40% receberam treinamento formal;
2. Uso irresponsável – Muitos utilizam IA sem checar resultados ou sem informar que recorreram a ela, gerando riscos de erros, plágio e perda de credibilidade;
3. Governança insuficiente – Apenas 34% das organizações possuem políticas claras para uso de I generativa.
Ou seja, embora a adoção seja veloz, a confiança e o uso responsável não estão acompanhando no mesmo ritmo. Um dos achados mais relevantes do estudo é o contraste entre economias emergentes e desenvolvidas:
Esse cenário sugere que países em desenvolvimento veem na IA uma forma de superar lacunas estruturais – como em saúde e educação – enquanto países ricos adotam uma postura mais cautelosa diante dos riscos éticos, sociais e regulatórios.
Há um consenso global sobre a necessidade de regulação robusta da IA.
Entretanto, apenas 43% acreditam que as regulações atuais são adequadas, mostrando que ainda há um grande espaço para avanços legislativos e institucionais.
Caminhos para um futuro confiável
O relatório aponta quatro ações fundamentais para organizações e governos maximizarem os benefícios da IA de forma segura e sustentável:
1. Construir confiança – Transparência, ética e explicabilidade dos sistemas;
2. Ampliar a literacia em IA – Treinamentos contínuos para trabalhadores, estudantes e cidadãos;
3. Fortalecer a governança – Políticas claras de uso responsável em empresas e instituições;
4. Liderança transformacional – Executivos e autoridades devem dar o exemplo, promovendo uma cultura de experimentação segura e alinhada a valores humanos.
A pesquisa mostra que a confiança é a nova moeda da era da inteligência. O futuro da IA não será definido apenas pelo avanço tecnológico, mas pela capacidade de alinhá-la a valores humanos, criar estruturas de governança sólidas e preparar a sociedade para seu uso responsável.
Se adotada com responsabilidade, a IA pode impulsionar não apenas a produtividade e a inovação, mas também a inclusão social, o crescimento econômico e a melhoria da qualidade de vida.
Estamos diante de uma escolha coletiva: transformar a IA em um vetor de progresso sustentável ou permitir que a falta de confiança e governança limite seu potencial.
O relatório The Age of Intelligence: Trust, attitudes and use of AI (KPMG & Univ. Melbourne, 2025) traz vários conceitos que podem ser aplicados ao marketing digital, ajudando marcas a usar IA de forma mais estratégica, ética e eficiente.
Aplicar os conceitos do The Age of Intelligence no marketing digital significa usar IA para potencializar criatividade, personalização e eficiência, mas sempre equilibrando com ética, transparência e confiança. Isso gera campanhas mais eficazes, fortalece a relação com os clientes e protege a reputação da marca no longo prazo.
Selecionamos os principais pontos para o contexto do marketing:
1. Construir confiança na IA aplicada ao marketing
2. Ampliar a literacia em IA dentro das equipes de marketing
3. Personalização com responsabilidade
4. Reduzir riscos e proteger a reputação da marca
5. Governança e regulação como diferencial competitivo
6. Liderança transformacional em marketing